O nosso caminho não é de relva suave, é um trilho de montanha pejado de muitas pedras. Mas segue em frente, para cima, rumo ao Sol. E encontrarás a serenidade. Ruth Westheimer
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Da minha janela
"Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim".
Cecília Meireles
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Mensagem de Natal
Mensagem de Natal do Presidente da Républica (versão Última Ceia/Rui Unas)
http://www.youtube.com/watch?v=HSud4fdlyMo
Anualmente, a cidade de Punxsutawney, na Pensilvânia (EUA), promove o Dia da Marmota.
Funciona assim: existe uma marmota, chamada Phil, que dizem que é capaz de prever o tempo. No dia 2 de fevereiro, tradicionalmente, Phil é levado para praça pública e todo mundo espera que ele saia da toca. Daí, se ele olhar para própria sombra e se assustar com ela, ele volta para o buraco – isso quer dizer que o inverno vai durar mais seis semanas. Do contrário, caso ela não veja a própria sombra, não se assuste e saia do seu buraco normalmente, a primavera está chegando.
http://www.youtube.com/watch?v=HSud4fdlyMo
Anualmente, a cidade de Punxsutawney, na Pensilvânia (EUA), promove o Dia da Marmota.
Funciona assim: existe uma marmota, chamada Phil, que dizem que é capaz de prever o tempo. No dia 2 de fevereiro, tradicionalmente, Phil é levado para praça pública e todo mundo espera que ele saia da toca. Daí, se ele olhar para própria sombra e se assustar com ela, ele volta para o buraco – isso quer dizer que o inverno vai durar mais seis semanas. Do contrário, caso ela não veja a própria sombra, não se assuste e saia do seu buraco normalmente, a primavera está chegando.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Villon - Ballade des pendus (Gérard Philipe)
Balada dos Enforcados ou Epitáfio Para Si Mesmo
Irmãos humanos que ao redor viveis,
Não nos olheis com duro coração,
Pois se aos pobres de nós absolveis
Também a vós Deus vos dará perdão.
Aqui nos vedes presos, cinco, seis:
Quanto era cara viva que comia
Foi devorado e em pouco apodrecia.
Ficamos, cinza e pó, os ossos, sós.
Que de nossa aflição ninguém se ria,
Mas suplicai a Deus por todos nós.
Se dizemos irmãos, vós não deveis
Sentir desprezo, embora condenados
Tenhamos sido em vida. Bem sabeis:
Nem todos têm os sentidos sentados.
Desculpai-nos, que já estamos gelados,
Perante o filho da Virgem Maria.
Que seu favor não nos falte um só dia
Para livrar-nos do inimigo atroz.
Estamos mortos: que ninguém sorria,
Mas suplicai a Deus por todos nós.
A chuva nos lavou e nos desfez
E o sol nos fez negros e ressecados,
Corvos furaram nossos olhos e eis–
Nos de pêlos e cílios despojados,
Paralíticos, nunca mais parados,
Pra cá, pra lá, como o vento varia,
Ao seu talante, sem cessar, levados,
Mais bicados do que um dedal. A vós
Não ofertamos nossa confraria,
Mas suplicai a Deus por todos nós.
Meu príncipe Jesus, que a tudo vês,
Não nos entregues à soberania
Do Inferno, que só ouvimos tua voz.
Homens, aqui não cabe zombaria,
Mas suplicai a Deus por todos nós.
tradução Augusto de Campos
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
A Christmas Carol (1951) Movie Trailer with Alastair Sim as Scrooge
Seymour Hicks plays the title role in the first sound version of the Dickens classic about the miser who's visited by three ghosts on Christmas Eve. This British import is notable for being the only adaptation of this story with an invisible Marley's Ghost and its Expressionistic cinematography. This is the uncut 78 minute version
domingo, 19 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Saramago - um leitura
Viviam José e Maria num lugarejo chamado Nazaré, terra de pouco e de poucos, na região de Galileia, em casa igual a quase todas, como um cubo torto feito de tijolos e barro, pobre entre pobres. Invenções de arte arquitectónica, nenhumas, apenas a banalidade uniforme de um modelo incansavelmente repetido. Com o propósito de poupar alguma coisa nos materiais, tinham-na construído na encosta da colina, apoiada ao declive, escavado pelo lado de dentro, deste modo se criando uma parede completa, a fundeira, com a vantagem adicional de ficar facilitado o acesso à açoteia que formava o tecto. Já sabemos ser José carpinteiro de ofício, regularmente hábil no mester, porém sem talento para perfeições sempre que lhe encomendem obra de mais finura.
Estas insuficiências não deveriam escandalizar os impacientes, pois o tempo e a experiência, cada um com seu vagar, ainda não são bastantes para acrescentar, ao ponto de dar-se por isso no trabalho de todos os dias, o saber oficinal e a sensibilidade estética de um homem que mal passou dos vinte anos e vive em terra de tão escassos recursos e ainda menores necessidades.
Contudo, não se devendo medir os méritos dos homens apenas pela bitola das suas competências profissionais, convém que, apesar da sua pouca idade, é este José do mais piedoso e justo que em Nazaré se pode encontrar, exacto na sinagoga, pontual no cumprimento dos deveres, e não tendo sido a sua fortuna tanta que o tivesse dotado Deus duma facúndia capaz de o distinguir dos mortais comuns, sabe discorrer com propriedade e comentar com acerto, mormente se vem a propósito introduzir no discurso alguma imagem ou metáfora relacionadas com o seu ofício, por exemplo, a carpintaria do universo.
O Evangelho segundo Jesus Cristo, Caminho, 5ª edição, pg. 29 e 30.
Estas insuficiências não deveriam escandalizar os impacientes, pois o tempo e a experiência, cada um com seu vagar, ainda não são bastantes para acrescentar, ao ponto de dar-se por isso no trabalho de todos os dias, o saber oficinal e a sensibilidade estética de um homem que mal passou dos vinte anos e vive em terra de tão escassos recursos e ainda menores necessidades.
Contudo, não se devendo medir os méritos dos homens apenas pela bitola das suas competências profissionais, convém que, apesar da sua pouca idade, é este José do mais piedoso e justo que em Nazaré se pode encontrar, exacto na sinagoga, pontual no cumprimento dos deveres, e não tendo sido a sua fortuna tanta que o tivesse dotado Deus duma facúndia capaz de o distinguir dos mortais comuns, sabe discorrer com propriedade e comentar com acerto, mormente se vem a propósito introduzir no discurso alguma imagem ou metáfora relacionadas com o seu ofício, por exemplo, a carpintaria do universo.
O Evangelho segundo Jesus Cristo, Caminho, 5ª edição, pg. 29 e 30.
sábado, 11 de dezembro de 2010
...é Natal!!! smiles christmas!
O Natal do Panda. Hoje é dia de Natal. Eu vou cantar agora com o meu amigo Panda e a sua banda.
theatrical version of Lewis Carroll's 1865
This exceptional theatrical version of Lewis Carroll's 1865 classic features a combination of live characters and puppets, created by master puppeteer Louis Bunin. The cast includes Carol Marsh as Alice along with Stephen Murray, Felix Aylmer, Ernest Milton, and Pamela Brown (in live sequences and as voices of the puppets). Directed by Dallas Bower, this lively and fun production includes some wonderful musical numbers that will be enjoyed by all ages.
http://www.youtube.com/watch?v=lJD3ABBCSrc&feature=fvw
http://www.youtube.com/watch?v=lJD3ABBCSrc&feature=fvw
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Autores
"A bleak situation becomes a powerful tale of hope through Yasmin’s passion and determination. Malaspina tells the tale in graceful, straightforward language, describing the overwhelming sounds of the city with the precision of a child’s eye. Chayka’s glowing oil paintings capture the bright colors of Dhaka and the cruelty of the brickyard where Yasmin and her sister work in the blinding sun as the boss lounges under an umbrella. Neither text nor illustrations gloss over the hardships the girls experience, but also do not dwell on them; instead, the focus remains firmly on Yasmin’s dreams and her resolve to achieve them."
http://www.annmalaspina.com/
http://www.annmalaspina.com/
http://www.dougchayka.com/editorial/
http://dougchayka.blogspot.com/
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sábado, 4 de dezembro de 2010
Novas leituras
Entro com o meu silêncio
na sala: no lugar um silêncio enorme.
Aumento o sossego...
Ou invadi o outro, perturbei?
Por momentos, apenas.
Passei. E deixo
lentamente o silêncio da sala, dos lugares.
Porque saí só com o meu silêncio
o outro ficou lá intacto.
Zilda Cardoso
Sites e Blogs a Acompanhar
http://a-ultima-sessao.blogspot.com/
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http://pauloborges.bloguepessoal.com/
http://pipocamoderna.virgula.uol.com.br/
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http://theplaylist.blogspot.com/
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http://www.accesshollywood.com/
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http://www.hancinema.net/
http://www.interney.net/blogs/alexprimo/
http://www.koreatimes.co.kr/www/news/art/art_list.asp?categoryCode=141
http://www.oldschoolreviews.com/
www.omelete.com.br/
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Generosidade (...)
Por Baptista-Bastos
"E, DE REPENTE, abriu-se o caminho de uma vida generosa. O português com extremas dificuldades veio socorrer o português com fome. A grande força espiritual que se move nas horas de desespero, e parecia ameaçada de inanidade, irrompeu no último fim-de-semana. Uma ruptura surda com a indiferença, uma explosão de solidariedade, a contrariar os sinais do tempo e a cupidez que nos tem sido inculcada. As toneladas de comida entregues ao Banco Alimentar podem não constituir a fulguração de uma felicidade perpétua, mas representam sentimentos que rasgam os silêncios de uma sociedade cercada.
A ideologia dominante, que estimula o individualismo, a insensibilidade social e a neutralidade cívica, não sai derrotada desta acção, nem esta experiência de generosidade resolve o drama português. Se a boa vontade não é esclarecida, e os limites do amparo não forem definidos pela política, o balanço da iniciativa apenas momentaneamente é positivo.
O sistema de ganância, de dissolução de valores, destruiu os laços relacionais formativos dos povos e das instituições. É necessário não só renunciar mas, sobretudo, combater esta doutrina que não concilia o respeito mútuo com a dimensão e as exigências civilizacionais. As nossas heranças só serão desiguais quando desinvestimos no carácter humanista da condição a que pertencemos. As decepções e as insatisfações permanentes talvez justifiquem algumas das nossas debilidades morais, como a indiferença ante o sofrimento dos outros. Mas não podem nunca caucionar a duplicidade dos nossos comportamentos nem a capitulação das nossas batalhas.
NO MOMENTO - O Miguel Sousa Tavares fez publicar, na gazeta semanal onde costuma deixar as escorrências a que chama artigos, um texto sobre a greve, cujo teor me abstenho de qualificar. A meio, insere um comentário, pretendidamente espirituoso, à minha crónica da última quarta-feira. Não lhe acerta uma. Deseja, apenas, fazer chicana. E demonstra uma impiedosa crueldade para quem gosta de prosa escorreita e asseada: não consegue escrever com tino, brio e gramática. Aquilo é um emaranhado de disparates, de espinoteantes tolejos, e apenas traduz a conjunção do que de mais retrógrado existe na sociedade. Ele é o xamã dessa tendência. Como só o leio quando se me refere, obriga-me, nessas funestas ocasiões, ao penoso exercício de tentar perceber o que quer dizer. Saí da árdua leitura em estado de exaustão. Sobre manifestar uma atroz inimizade com a língua portuguesa, o pobre homem é desprovido do mais escasso pingo de humor. E não é difícil descortinar, no seu carácter amolgado, sinais de ressentimento, de rancor e de despeito. É só. Mas acaso seja necessário, voltarei a tão encantador assunto..."
.
«DN» de 1 Dez 10
via
http://sorumbatico-longos.blogspot.com/
outras leituras
http://humorantigo.blogspot.com/
http://carmoeatrindade.blogspot.com/
http://noreinodoabsurdo.blogspot.com/
http://a-moscavarejeira.blogspot.com/
http://postaisalemanha.blogspot.com/
"E, DE REPENTE, abriu-se o caminho de uma vida generosa. O português com extremas dificuldades veio socorrer o português com fome. A grande força espiritual que se move nas horas de desespero, e parecia ameaçada de inanidade, irrompeu no último fim-de-semana. Uma ruptura surda com a indiferença, uma explosão de solidariedade, a contrariar os sinais do tempo e a cupidez que nos tem sido inculcada. As toneladas de comida entregues ao Banco Alimentar podem não constituir a fulguração de uma felicidade perpétua, mas representam sentimentos que rasgam os silêncios de uma sociedade cercada.
A ideologia dominante, que estimula o individualismo, a insensibilidade social e a neutralidade cívica, não sai derrotada desta acção, nem esta experiência de generosidade resolve o drama português. Se a boa vontade não é esclarecida, e os limites do amparo não forem definidos pela política, o balanço da iniciativa apenas momentaneamente é positivo.
O sistema de ganância, de dissolução de valores, destruiu os laços relacionais formativos dos povos e das instituições. É necessário não só renunciar mas, sobretudo, combater esta doutrina que não concilia o respeito mútuo com a dimensão e as exigências civilizacionais. As nossas heranças só serão desiguais quando desinvestimos no carácter humanista da condição a que pertencemos. As decepções e as insatisfações permanentes talvez justifiquem algumas das nossas debilidades morais, como a indiferença ante o sofrimento dos outros. Mas não podem nunca caucionar a duplicidade dos nossos comportamentos nem a capitulação das nossas batalhas.
NO MOMENTO - O Miguel Sousa Tavares fez publicar, na gazeta semanal onde costuma deixar as escorrências a que chama artigos, um texto sobre a greve, cujo teor me abstenho de qualificar. A meio, insere um comentário, pretendidamente espirituoso, à minha crónica da última quarta-feira. Não lhe acerta uma. Deseja, apenas, fazer chicana. E demonstra uma impiedosa crueldade para quem gosta de prosa escorreita e asseada: não consegue escrever com tino, brio e gramática. Aquilo é um emaranhado de disparates, de espinoteantes tolejos, e apenas traduz a conjunção do que de mais retrógrado existe na sociedade. Ele é o xamã dessa tendência. Como só o leio quando se me refere, obriga-me, nessas funestas ocasiões, ao penoso exercício de tentar perceber o que quer dizer. Saí da árdua leitura em estado de exaustão. Sobre manifestar uma atroz inimizade com a língua portuguesa, o pobre homem é desprovido do mais escasso pingo de humor. E não é difícil descortinar, no seu carácter amolgado, sinais de ressentimento, de rancor e de despeito. É só. Mas acaso seja necessário, voltarei a tão encantador assunto..."
.
«DN» de 1 Dez 10
via
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