segunda-feira, 19 de março de 2012

O discurso que o secretário de Estado nunca leu



"O discurso que o secretário de Estado nunca leu
TVI revela em exclusivo o discurso que Henrique Gomes não chegou a fazer no ISEG. Leia aqui

Por: tvi24 / Carlos Enes, Isabel Loução Santos | 13- 3- 2012 19: 46

Henrique Gomes sai do Governo alegando motivos pessoais e familiares. Mas nos últimos meses o ex-secretário de Estado da Energia criticou publicamente o pagamento de rendas excessivas aos produtores de energia e, em concreto, o excessivo poder de mercado da EDP.

Henrique Gomes saiu, mas deixou um discurso que acabou por não ser proferido, a que TVI teve acesso em exclusivo.
O discurso não foi lido em voz alta, mas a mensagem é bem audível. Sobretudo para os produtores de energia.

Henrique Gomes garante que é preciso «eliminar as rendas excessivas do setor e os lucros excessivos». Em suma, é um «setor protegido». No documento Henrique Gomes sai em defesa dos consumidores, sobrecarregados, com custos excessivos.
E dá números. Em 2010, afirma, a fatura da eletricidade já era superior às despesas das famílias com educação e aproximava-se dos gastos com a saúde.

Escreve o ex-secretário de Estado que «as rendas excessivas desviam da economia e das famílias recursos que ascendem a cerca de 3500 milhões de euros até 2020, o que representa uma renda anual de 370 milhões de euros».

Mas as piores notícias estão já perto do final do discurso.
Se o Estado continuar a pagar mais do que deve e se o consumo de energia continuar a cair os preços da eletricidade, em 2013, poderão subir cerca de 26 por cento.

Mas se a opção for colocar parte deste aumento no défice tarifário o agravamento, ainda assim, nunca seria inferior a 11 por cento.

O discurso torna ainda mais evidente o braço de ferro que Henrique Gomes travava com os produtores de energia: EDP à cabeça.

Henrique Gomes pediu um estudo a peritos da Universidade de Cambridge que concluía que, entre outras empresas do setor, a EDP recebia rendas excessivas do Estado.

Mas um dia depois de a TVI ter divulgado, em exclusivo, o estudo já António Mexia o criticava fortemente e até já sabia que seria ignorado pelo Governo. «O estudo tem erros grosseiros», disse Mexia.

O documento que respondia a uma das exigências da troika, avaliou os custos das rendas que o Estado paga aos produtores de eletricidade. E o objetivo seria o corte dessas rendas em 2 mil 500 milhões de euros.

Mas não foi o primeiro embate com a elétrica. Em outubro, o secretário de Estado da energia propôs aplicar uma taxa adicional à EDP que aliviava os bolsos dos consumidores.

Mas a taxa não avançou. E já nessa altura o secretário de Estado terá ameaçado bater com a porta.

Em jeito de ato final, recentemente, em entrevista ao Jornal de Negócios acusava a EDP de ter excessivo poder de mercado e de influência.

Mas no final, quem perdeu a influência foi mesmo o secretário de Estado."

http://www.youtube.com/watch?v=LSCg0pG2hrQ

Sem comentários:

Enviar um comentário