terça-feira, 19 de abril de 2011

O resgate desnecessário de Portugal



Robert M. Fishman não é um Professor qualquer da selecta University of Notre Dame, nos arredores de Chicago, pois, para além do seu vasto currículo de académico e autor (nos campos da democracia e da prática democrática, da política, da cultura e das consequências das desigualdades), está a preparar um novo livro sobre os percursos de Portugal e Espanha nas últimas décadas do século XX, depois de já ter escrito Democracy’s Voices, The Year of the Euro e Working-Class Organization and the Return to Democracy in Spain.


Publicou hoje um editorial no The New York Times onde demonstra que a entrada do FMI em Portugal se deve, exclusivamente, à actuação inqualificável das agências de notação. A peça merece ser lida na íntegra e com atenção (e, já agora, com abertura ideológica q.b., que o homem é estado-unidense), mas deixo aqui os parágrafos finais:


No destino de Portugal reside um claro aviso a outros países, incluindo os Estados Unidos. A revolução de 1974 em Portugal inaugurou uma vaga de democratização que inundou o mundo inteiro. É bem possível que 2011 marque o início de uma vaga de usuparções nas democracias, por parte dos mercados não regulados, sendo a Espanha, a Itália ou a Bélgica as próximas vítimas potenciais.


Oa americanos não gostariam muito se institucioções internacionais tentassem dizer à cidade de Nova Iorque ou a qualquer outra municipalidade para abandonarem as leis de controlo das rendas. Mas esse é o tipo de interferência que está agora a acontecer em Portugal – exactamente como aconteceu na Irlanda e na Grécia, se bem que estes dois países tenham mais responsabilidades no destino que lhes coube.


Somente os governos eleitos e os seus líderes podem garantir que esta crise não acaba por destruir o processo democrático. Até agora parecem ter deixado tudo entregue aos caprichos dos mercados de obrigações e das agências de notação financeira.

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