quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Esquece

F_D_S


Esquece

Não importa a ausência

de grainha no mosto,

quando, por evidência,

não existe, não tem gosto



E se tal não existe

como poderá deixar

indelével marca, triste,

de invenção por inventar



em solúvel imaginário

de incertezas apinhado

como se fora relicário

a osso alheio dedicado



Herege (!) consciente,

seja som de revolta,

e traga o sentir a gente,

o pensar de forma solta!



Que o mosto vinho dará

e o cangaço que sobra

aguardente verterá

no que torce, não dobra!



E a grainha em falta,

existência removida,

se tira assim da ribalta,

e se queda, esquecida



Em invenção por inventar

do que não aparece,

p’ra trás há-de ficar

já não lembra, se esquece!



(António Fernandes – Fevereiro de 2010)

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