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Esquece
Não importa a ausência
de grainha no mosto,
quando, por evidência,
não existe, não tem gosto
E se tal não existe
como poderá deixar
indelével marca, triste,
de invenção por inventar
em solúvel imaginário
de incertezas apinhado
como se fora relicário
a osso alheio dedicado
Herege (!) consciente,
seja som de revolta,
e traga o sentir a gente,
o pensar de forma solta!
Que o mosto vinho dará
e o cangaço que sobra
aguardente verterá
no que torce, não dobra!
E a grainha em falta,
existência removida,
se tira assim da ribalta,
e se queda, esquecida
Em invenção por inventar
do que não aparece,
p’ra trás há-de ficar
já não lembra, se esquece!
(António Fernandes – Fevereiro de 2010)
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